Pais e filhos...intimidades!

Gostei de ler e aprender que...

«É na intimidade entre pais e filhos que se moldam os traços principais do caráter. A proximidade obriga a não usar disfarces e faz emergir a essência de cada um. 

«Tal pai, tal filho», «filho de peixe sabe nadar» ou «quem sai aos seus não degenera» são expressões de uma sólida sabedoria popular cuja origem se perde no tempo e que mostram bem o peso e a importância da continuidade de determinadas características, únicas e especiais, dentro de cada família. 
Se observadas com atenção, essas características, herdadas geneticamente ou absorvidas pela proximidade entre pais e filhos, uma vez identificadas, são por vezes suficientes para se fazer um retrato tipo, relativo a um determinado grupo familiar. É uma maneira simplista, mas por vezes muito certeira, de sentir o que há de mais essencial nas raízes de uma família. Dir-se-ia que é possível manter e passar de pais para filhos, através de gerações, determinadas qualidades, associadas a ideias e princípios tão variados como a ética, a generosidade, o gosto pela competição, a sociabilidade, a tendência para o fracasso ou o espírito de sucesso, entre muitas outras. 

Acrescente-se que, quando se trata de fazer um retrato de alguém, é importante considerar a variedade de critérios na avaliação desses traços de carácter. O que para uns é um inegável elogio, para outros não o é necessariamente. Conceitos como «honestidade», «esperteza», «desembaraço» ou «sensibilidade» não oferecem uma leitura igual para todos e têm diferentes posições na escala de valores. 

Para alguns, ser «sensível» pode ser tomado como um sinal de fraqueza, quando se acredita que «sentir demasiado» torna as pessoas muito vulneráveis, o que representa uma desvantagem. Da mesma forma, quando se afirma, por exemplo, que «aquele é de uma família de poetas», isso pode não significar um elogio. Quer antes dizer que essa pessoa não tem um sentido prático da vida e que, portanto, estará destinado ao fracasso. Por outro lado, ser «honesto» é, em teoria, uma virtude universalmente aceite como tal, mas na prática, para certas pessoas, essa mesma honestidade, para lá de certos limites, bastante elásticos por sinal, pode representar uma certa ingenuidade e demasiada inocência para sobreviver num mundo cruel. 
A verdade é que estas subtilezas se forjam no seio da família. E essa mesma família, por assim dizer, está na massa do sangue. O que significa que transportamos dentro de nós, para o melhor e para o pior, material genético e psíquico herdado de ambos os pais que, por sua vez, o herdaram dos seus. É assim que, de geração em geração, é possível manter certos modelos de comportamento, determinados traços de carácter, tendências e manifestações semelhantes que, para um olhar mais atento, se apresentam como uma espécie de marca de família. Por isso se fala em «maldições» ou «predisposições», verificadas em certas famílias que encaram a repetição de determinados acontecimentos como uma fatalidade do destino à qual não é possível escapar. No fundo, trata-se apenas de tendências comportamentais típicas de alguns grupos familiares mais fechados e conservadores, que recusam pôr em causa valores e hábitos enraizados.»

in Pais e Filhos

Comentários

  1. Uma vez alguém sábio disse-me que um filho é a nossa continuação no mundo. :)

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  2. A genética e a educação, o convívio familiar.
    Essas são as bases essenciais, Ricardo.
    Tantas vezes, só a genética é considerada.
    Pessoalmente, continuo a pensar que a educação e o convívio familiar ainda são mais importantes.
    Aquele abraço

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    1. Partilho desse seu ponto de vista, Pedro!

      Aquele abraço

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