Vá lá, finta, Chalana...
Esta é a história de um miúdo que com 6 anos viu, pela primeira vez, ao vivo o seu ídolo, chorou de emoção ao ouvir o seu nome e a vê-lo jogar, baseada na minha memória, naquilo que recordo.
O local era o Estádio dos Barreiros, a época futebolística é a de 77/78, o Marítimo (clube do qual o miúdo foi sócio durante 24 anos) defrontava o Sport Lisboa e Benfica, o "seu" Benfica, o Benfica que ele apenas ouvia na rádio, nos relatos da Antena 1 Desporto, o Benfica do Bento, do Pietra, do Alberto, do Humberto Coelho, do Shéu, do Eurico, do Basto Lopes, do Toni, do Zé Luís, do Vítor Baptista, do Nené e do Fernando Chalana, aquele que ele gostava de personificar quando joga com os amigos à bola (isto é, nos raros momentos em que os meus pais me deixavam ir a rua brincar com os outros miúdos).
O "pequeno génio" como o chamavam estava ali, a uns metros do miúdo, e deambulava com a camisola do Glorioso no relvado do estádio a que ele ia, religiosamente, domingo sim, domingo não, ver o "seu" Marítimo, mas nesse dia eu só via o Benfica, no campo só estavam os "seus", o "seu" Benfica, acho que foi a partir daí que nasceu este grande amor que só terminará no dia em que eu der o último suspiro.
O jogo estava difícil, o Estádio dos Barreiros e o Marítimo, nessa altura, era uma equipa muito difícil de "bater" em casa e o golo só apareceu quase no fim através do Shéu, mas nesse dia o Chalana foi "massacrado" pelos adversários, que só o conseguiam travar através do recurso à falta, só porque alardeava toda a sua genialidade e como ele passa por eles, como se eles lá não estivessem.
Anteontem, soube-se que o Pequeno Génio, aos 59 anos (faz 60 domingo), sofre de Alzheimer e o seu estado de saúde tem piorado, e o miúdo que, entretanto, cresceu e hoje já tem 48 anos recebeu a notícia e sofreu, sofreu como se sofre quando se recebe uma notícia que alguém da nossa família padece de uma doença que não tem cura, porque no Benfica (e, penso eu, em qualquer clube) somos uma grande família, não nos conhecemos a todos mas somos capazes de nos abraçar ao tipo que está ao nosso lado a festejar ao nosso lado.
O Chalana não me conhece, mas o miúdo conhece o Chalana e o que lhe pede e que faça esta última finta, que drible a doença, mesmo sabendo que essa é uma finta impossível...
Ah, o miúdo era eu (o da foto) e desde 4ª feira que ficou um pouco mais triste pois sabe que só com o génio do Chalana não vamos lá.😞😢😞😢
Caro amigo, permitir-me-á que me junte a si neste instante.
ResponderEliminarPara o Fernando Chalana, a minha solidariedade. Para si, Ricardo, um abraço com votos de um bom fim de semana que se estendem às suas princesas.
. Eu benfiquista me confesso. Permita-me que comungue do seu sentimento que é, ao mesmo tempo, o meu. Força Fernando Chalana.
ResponderEliminar.
Bom fim de semana
*** Bicudos punhais ... em chagas de solidão * **
A finta mais complicada da vida dele.
ResponderEliminarEsperemos que seja igual às que fez aos franceses.
Aquele abraço, bfds para si e as mais que tudo
Uma doença injusta que ninguém merece
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