Retratos de um País (de merda)...
“É querer comprar comprimidos e não ter o dinheiro. Andar a poupar, a poupar, a poupar. Hoje tomo, amanhã não tomo. Não é?
O dinheiro não chega.”
Luísa, 84 anos
“O problema é que a gente trabalha muito e ganha muito poucochinho, é só isso.”
Julieta, 48 anos, trabalhadora pobre
“Foi mesmo por opção minha [não querer contrato nem pagar Segurança Social pelas três horas por semana que faz de limpezas], porque se eu tivesse de fazer descontos e tudo, não ia receber quase nada.”
Carolina,
44 anos, trabalhadora pobre
“Tenho ido comer à minha mãe. Mas não posso estar a vida toda assim, não é? [E ela pode ajudá-la um bocadinho?] Não, ela está acamada. Ela tem um cancro nos ossos, não anda.”
Dália, 59 anos, incapacitada
“Vou tentar-me aguentar no rendimento mínimo com a ajuda da Santa Casa até à altura em que me reformar, porque eu já sei que trabalho ninguém me vai aceitar. Na vida profissional, a minha vida está acabada. Se eu com vinte e tal não consegui!”
Júlio, 55 anos
“Sim. Estive a trabalhar. Trabalhei na Rua da Madalena, a fazer limpeza. Entrava às 8h da manhã e saía às 11h30. Um part-time. Depois trabalhava aqui numa pastelaria. Ela telefonava-me e eu ia lá. Mas agora já não vou. Ela pagava muito mal. Entrava a um quarto para a uma e saía às 16h e ela pagava-me seis euros pelas três horas.”
Margarida, 43 anos, desempregada
“Tenho a dívida da minha casa [das rendas]. E tenho a dívida com o banco. Tinha um crédito que foi pedido há seis anos, era para cinco anos, mas quando a minha vida começou a piorar deixei de pagar e depois fui acumulando juros, juros, juros, e hoje posso-lhe dizer que o abono dos meus filhos, fico sem ele todos os meses.”
Carolina, 44 anos, trabalhadora pobre
“Eu sofri um bocadinho, chorei, porque eu era muito amiga das pessoas da associação. Estávamos a ser ajudados já há bastantes anos. Se calhar acharam que já era um hábito nosso, que a gente já não merecia, que nos acomodámos com a ajuda deles. Não foi o caso. Eu, quanto menos precisar de ser ajudada, melhor. Sempre disse lá na associação: mal tenha oportunidade de melhorar um bocadinho a minha vida eu não quero a vossa ajuda, porque se calhar quando eu tiver mais, haverá pessoas com muito mais prioridade do que eu. Sempre batalhei neste assunto e sempre mostrei a eles que não era uma acomodação, era mesmo uma necessidade.”
Anabela, 47 anos,
desempregada
in "Público"
Assim vai o grande legado que nos irá ser deixado pela dupla P (Passos e Portas).
Às vezes, confesso, enoja-me o que se passa à minha volta.
E tenham V.Exªs um bom dia, meus amigos.
Completamente de acordo Ricardo e sinceramente dói, mas dói muito o silêncio ensurdecedor da fome, da precariedade, do desemprego, da idade...e no entanto os grandes prevaricadores continuam na maior e a viver à grande e a assobiar para o lado.
ResponderEliminarUm abraço
É uma tristeza.
ResponderEliminarNão há muito mais para dizer.
Um abraço, Ricardo.
Insensibilidade ainda é pior que incompetência meu amigo.
ResponderEliminarUm dupla que me enoja!
beijinho
Fê
Não imagina o que dói, a quem está longe mas atento, ler estas coisas, Ricardo :(
ResponderEliminarAquele abraço