Viagens, crianças e...notas soltas!


«Este fim-de-semana levei os meus filhos numa viagem cultural. Dois dias estafantes motivados por uma vontade absolutamente inexplicável de me estafar e com o objectivo romântico de lhes criar recordações e tirar fotografias a essas recordações. E assim foi. Correu tudo bem e tiraram-se as devidas fotografias. No entanto, na altura de todos partilharmos o respectivo balanço da viagem, um dos meus filhos concluiu que aquilo que ele mais tinha gostado tinha sido a cama. A cama. Ia-lhe batendo.
Isto para dizer o quê? Para dizer que foi nesse instante que concluí que o maior problema que eu tenho com os meus filhos é por não ter a idade deles. O facto de eles serem muito mais novos do que eu faz toda a diferença na nossa relação. A discrepância em termos de emoções ou de interesses é alarmante.
Eles não querem saber das datas dos monumentos, nem do estilo, nem da história, nem o nome do rei que ali dormiu – eles querem saber onde é que vamos almoçar e se podem levar para casa a touca de banho do hotel ou o roupão turco. Ponto. Eles não brincam aos museus: jogam à bola, bebem coca cola até ficarem em estado de hiperactividade e gritam no carro. A verdade é que a primeira coisa que uma criança procura quando entra num museu é um banco para se poder sentar (ou um esqueleto de dinossauro). Não querem saber de arte sacra, ou de janelas manuelinas que ainda por cima não têm vidros.
Se nós pais tivéssemos mais ou menos a mesma idade deles, era tudo mais fácil: brincávamos mais, descansávamos mais e poupávamos imenso dinheiro. Além de que tínhamos uma notável colecção de roupões turcos.
Inês Teotónio Pereira»

Onde é que já vi este filme?

Sublinhei as partes que se identificam com nós os cinco (eu e a cara-metade, e os três apensos) e as nossas experiências - muitas - deste género.
Bolas, e por momentos, ao ler esta crónica vejo as minhas (nossas) viagens, passeios e idas a museus a me passar pela frente dos olhos. Caramba, devemos - aqueles que tem filhos - ser todos iguais, às vezes, também me apetece ser...criança, mas não pode ser nada, infelizmente, se quisesse me ter divertido mais que o tivesse feito na altura própria e não agora que tenho filhas para criar, orientar, amar e tudo o que possam imaginar que acabe em... adivinharam, "ar".
Dizem que os filhos são o melhor que temos, concordo com a afirmação, mas não é menos verdade que nos sugam, como o caraças, especialmente, quando estão doentes e nós também não estamos na melhor forma física ou, pior, psicológica.
Acabo de saber da noticia da morte de Bernardo Sassetti, pianista, compositor, pai de duas meninas pequenas como as minhas, tinha 41 anos e muito para viver, mas partiu, deixou-nos assim num repente, apenas, digo eu, com um beijo de até logo à mulher e filhas, um até logo que seria, isso mesmo, um  sentido até depois.
Às vezes, não damos aos filhos a atenção que merecem e um carinho, por vezes, não é exteriorizado como, poeticamente, pensávamos ser o ideal, às vezes, por tanto os (filhos) amarmos não os deixamos serem quem são, sejam eles sonhadores, escritores, pianistas, compenetrados, "metidos em si" ou extrovertidos, digo isto fazendo o meu próprio auto-retrato.
Quantas vezes dizemos, digo, que vamos/queremos mudar de atitude perante a vida, e ser mais nós, há que arriscar...
To be continued...

Comentários

  1. Posso fazer uma sugestão? Antes de visitarem um museu ou algo do género à noite conte uma história ou leia um livro de princesas, ficaram encantadas e entusiasmadas sobretudo se as visitas forem a castelos ou assim.

    Não falo como mãe que ainda não sou, hei-de ser um dia se Deus quiser mas ainda não sou, falo como filha que já teve a idade delas, eu não era estranha por gostar dessas coisas com essa idade (ok talvez um bocadinho :p), o modo como era cativada é que era assim :) Talvez resulte! Nada como tentar :)

    A minha irmã com 3 anos adorava o atlas que têm em casa? Se ela hoje se lembra do nome de algum país, duvido :p

    O que noto na minha irmã quando visita um castelo é alguma desilusão, porque não são como os das histórias encantadas que vemos juntas e das quais sou fã ainda hoje!

    Beijinho e bom fim de semana*

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  2. Catarina,

    em nossa casa temos por hábito ler uma história todas as noites, e garanto-lhe que isto - gostar de museus - não vai lá com histórias de princesas, mas também que é que me manda "enclausurar" três crianças de 8,6 e 4 anos no Museu do Vaticano durante 4 horas e meia?

    A mais velha adora museus, castelos, mapas, guias e por ai fora, as outras duas adoram ter uma cadeirinha por perto para se sentarem! :DDD

    Beijinho e bom fim de semana!

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    1. Museu do Vaticano... 4horas e meia... Ok, daqui a uns anos depois de ter crianças volto aqui para comentar :)*

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  3. Permita-me, amigo, acrescentar algo ao que escreveu. Não é só aos filhos que por vezes não damos a atenção devida (eu não tenho filhos), mas sim a todos os que nos são verdadeiramente importantes. De facto muitas das vezes aprendemos sempre da pior maneira: só depois de perdermos algo é que aprendemos a dar-lhe valor.
    Em relação ao Sasseti, requiescat in pace.

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  4. Meu amigo:
    Curiosamente quando soube da notícia da morte de Sassetti, pensei na família, principalmente nas filhas ainda tão pequenas e comentei que a vida é injusta e efémera.
    Quantas vezes adiamos um gesto de carinho, uma palavra afectuosa, sem pensarmos que pode não haver mais tempo.
    Os filhos são o nosso vento e a nossa tempestade :)

    Beijinhos e bom fim de semana

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  5. Quando vamos de férias, será assim em Julho se Deus quiser, tentamos encontrar coisas que gostemos fazer.
    Mas também aquelas que as meninas gostam.
    E lá vêm as visitas aos jardins zoológicos, a parques infantis, já fui à Disneilândia em Paris duas vezes,.....tem que ser assim.
    Para ninguém apanhar seca.
    Aquele abraço e votos de boa semana para si e família (as filhas já estão bem? A Marina esteve com gripe na passada semana)

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