Dramas infantis...

Nota Prévia:

Como sabem, ou talvez não, sou pai de três raparigas cujas idades variam entre os 8 e os 3 anos, com uma pelo meio de 6.

Ora, ontem foi dia de lamentos, lamentos que resultam de pequenos dramas infantis que aos olhos de um adulto são "peanuts", mas que para aquela malta são ofensas pessoais que, se ocorressem no séc. XVIII, dariam lugar a um duelo mortal para defesa da honra.

O que se passou foi o seguinte:

Houve uma votação inter-pares para saber quem iria ler uma estrofe do poema de Natal a apresentar na Festa de Natal da escola e, drama dos dramas, a minha filha mais velha não foi escolhida, apesar de e em sua defesa dizer que lê muito bem, algo que eu corroboro sem qualquer paternalismo, e que alguns colegas se uniram para não votar nela - algo, quanto a mim, perfeitamente natural nestas e noutras idades - e assim não ser uma das escolhidas.

Minha explicação, divide-se em dois momentos:

1 - A minha filha usa um aparelho (amovível) corrector dos dentes o que dificulta a sua (perfeita) dicção, logo  não será a pessoa mais indicada para declamar.

2 - Os putos são cruéis e não perdoam, e digo isto porquê?  Porque a minha filha odeia injustiças - deve ser um mal de família - e intercede em situações que acha serem de pura injustiça, mesmo que para tal não seja chamada, e isso apenas a faz ganhar , quanto a mim, inimigos entre alguns dos seus colegas, e como consequência sempre que podem "lixam-na".

A acrescer a esta "derrota", apareceu outra, não foi escolhida para tocar flauta na mesma Festa, deixando-a desolada por ser uma "mulher de palco".

Minha explicação, outra vez em duas partes:

1 - Ela não vai às aulas de música da escola, pois frequenta o Conservatório de Música e estes momentos, por vezes, sobrepõem-se não permitindo que pratique a flauta como teve ser, isto é, tão bem quanto os seus colegas de turma que assistem a todas as aulas.

2 - A Professora prefere, naturalmente, aqueles que assistem a todas as suas aulas, logo deixa de fora...os outros, nos quais se inclui a minha petiz.

No final, e após o primeiro consolo maternal e paterno, disse-lhe o seguinte:

« Há outras batalhas mais importantes que merecem ser ganhas como, por exemplo, a das notas!», perguntam-me se fiz de coração aberto esta afirmação? Respondo:NÃO!!! 

Mas existem momentos em que temos que relativizar certas situações para que elas não se transformem em autênticas "bolas de neve", este é um desses momentos.

Por fim, feliz com as notas dela do 1º período que se saldaram num Muito Bom, mas isto de ser pai de miúdas competitivas e artistas (com tiques de artista) é o cabo dos trabalhos e mesmo ao longo do dia e com trabalho/reuniões/pareceres vem-me sempre à memória os seus olhos com lágrimas, e o seu coração/alma "ferido" por não ter sido seleccionada.

Catarina, o caminho faz-se caminhando e é cheio de obstáculos, mais ou menos, difíceis de transpor e ultrapassar.

Comentários

  1. A sua última frase diz tudo, caro Amigo.

    Um abraço

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  2. Caro confrade Ricardo!
    Muito oportuna sua decisão em tornar de domínio público o dilema de um pai zeloso em concomitantemente defender os interesses das suas adoráveis filhas e consolá-las quando são preteridas!!!!
    Caloroso abraço! Saudações paternais!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  3. Pareceu-me muito mal feito o que lhe aconteceu, sobretudo porque quando se trata de crianças, não devia suceder de todo. Ainda bem que pelo menos se poderá alegrar por ter boas notas.

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  4. Explicação simples, Ricardo - quem magoar as nossas filhas será perseguido até aos quintos dos infernos.
    Porque NUNCA poderá ter qualquer razão válida para magoar as nossas filhas.

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