Vamos falar de ...notas!

As notas dos nossos filhos e como elas têm o condão de "mexer" com a nossa estabilidade emocional.

Como muitas vezes o faço, recorri a um texto de Inês Teotónio Pereira, publicado no jornal "I", para transmitir-vos aquele que é o meu sentir e pensar sobre esta matéria...




Fico, posso dizer, ofendida, desmoralizada. A minha auto-estima é afectada, é maltratada e fica em baixo, no chão. Uma negativa deles é uma derrota minha, quer dizer que eu perdi. Não eles, eu. Por isso as negativas dos meus filhos deixam-me inconformada, derrotada. Confesso. Se, pelo contrário, os meus meninos têm notas excelentes, o meu ego incha, inflama-se, flutua. Cresço como educadora, como mãe, como pessoa e sinto-me vitoriosa, realizada e orgulhosa.

Se um dos meus filhos consegue um "muito bom" a Língua Portuguesa, é como se tivesse sido eu a fazer o teste. Descubro que sou mestre a gramática, que sou um ás a classificar morfologicamente uma frase. O trabalho deles, a vitória deles, é também minha. Aliás, é quase toda minha: eu é que sou a mãe deles.  É por estas e por outras que no outro dia um dos meus filhos teve um teste surpresa e, quando chegou da escola, a primeira coisa que me perguntou foi se eu não estava zangada por ele ter tido um teste surpresa. Zangada, repare! Afinal a nota que ele ia ter seria também minha e, como o teste era surpresa, era provável que a nota fosse uma surpresa desagradável.Fiquei de rastos. Ainda não me recompus. Foi nesse dia, nesse triste e sombrio dia, que percebei a diferença entre as minhas expectativas e as deles: os meus filhos têm o seu caminho, as suas derrotas e as suas vitórias e eu as minhas. Ou seja, minhas expectativas devem ser sobre a minha vida e não sobre a deles. Pronto, agora vou ali ver se eles estão a estudar para os nossos testes. Quero dizer, para os deles, claro.

por Inês Teotónio Pereira, in jornal "I"

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