Silêncio
Já o silêncio não é de oiro: é de cristal; 
redoma de cristal este silêncio imposto. 
Que lívido museu! Velado, sepulcral. 
Ai de quem se atrever a mostrar bem o rosto! 
Um hálito de medo embaciando o vidrado 
dá-nos um estranho ar de fantasmas ou fetos. 
Na silente armadura, e sobre si fechado, 
ninguém sonha sequer sonhar sonhos completos. 
Tão mal consegue o luar insinuar-se em nós 
que a própria voz do mar segue o risco de um disco... 
Não cessa de tocar; não cessa a sua voz. 
Mas já ninguém pretende exp'rimentar-lhe o risco! 
David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão"
Que poema de mestre! O silêncio é minha oferta diante o mistério: a beleza. Abç!
ResponderEliminarSérgio,
ResponderEliminarum poema de mestre, escrito por um ...mestre!!!
Abraço