O "caso" DSK...

Até se provar o contrário num tribunal dos EUA, Dominique Strauss-Kahn (DSK), director do Fundo Monetário Internacional (FMI) e (ex-)potencial candidato às presidenciais francesas de 2012, permanece inocente dos crimes sexuais de que foi acusado por uma funcionária do Hotel Sofitel de Times Square, em Nova Iorque. Mais: a justiça norte-americana será a única a decidir se DSK é culpado pelos actos que lhe são imputados. Mas tudo isto não impede de especular sobre o seu perfil psicológico.


DO NOT DISTURB IMF AT WORK


Independentemente do que terá ou não acontecido na suíte 2806 daquele hotel, será que um homem muito poderoso e bem sucedido, e ao mesmo tempo conhecido - nem sempre no melhor sentido - pela sua atracção pelas mulheres, pode atingir o paroxismo de violência que lhe atribuem os seus acusadores? 


Na imprensa, vários especialistas franceses têm feito, com alguma prudência, este "exercício teórico", imaginando que tipo de personalidade poderia perpetrar crimes daquela natureza. Será que um simples sedutor, um "casanova", tentaria, em certas circunstâncias, violar uma mulher? Ou deveríamos ver aí a marca de uma perversão sexual, de algo patológico, de um vício equiparável a uma toxicomania? Segundo estimativas do Instituto da Saúde e da Investigação Médica francês, a dependência de sexo, em que o agressor perde o controlo, atinge entre três e seis por cento da população adulta, na sua grande maioria homens (84 por cento).



Os diagnósticos dos peritos vão de "perturbação da personalidade" (Philippe Brénot, psiquiatra e professor de Sexologia da Universidade de Paris, ao semanário L"Express) a "acto suicida" (Alain Didier Weill, psiquiatra e psicanalista, membro da escola freudiana, ao diário Libération), passando pelo "vício do sexo" (Jean-Claude Matysiak, psiquiatra especialista em dependências no Hospital de Villeneuve-Saint-Georges, à AFP), "descompensação psicótica" (William Lowenstein, da Clínica Montevideu, perto de Paris, especialista em dependências, à AFP). E talvez até, no outro extremo do espectro, a uma "sobreinterpretação dos gestos da vítima numa situação ambígua" (Roland Coutanceau, psiquiatra e criminólogo, presidente da Associação de Psiquiatria e Psicologia Forenses de França, à AFP).



"Trata-se de um acto de violência sexual banal, há imensas queixas desse tipo", disse ao PÚBLICO Robert Neuburger, psiquiatra e psicanalista francês especializado nas terapias de casal e familiares e autor de vários livros sobre o tema. "Mas normalmente é controlável. Não quer dizer que não apeteça, mas é possível controlar-se essa apetência. Aliás, a fantasia da violação até é mais frequente nas mulheres do que nos homens."



Já a passagem ao acto é "algo de completamente diferente, que pode indiciar que [o agressor] é uma pessoa convencida e que menospreza o género feminino", salienta Neuburger. "Esse tipo de agressão acontece em todos os meios sociais, normalmente num contexto profissional ou familiar, e tem a ver com uma relação de poder, de força. Mas não vejo muito bem como este tipo de comportamento surgiria em alguém que é mais um sedutor do que um abusador. O sedutor gosta de seduzir", frisa o especialista, referindo-se à reputação de DSK - que nem o próprio nega.



Neuburger diz-se indignado com a reacção "absurda, desproporcionada" da justiça norte-americana, num país onde "ninguém vai parar à cadeia por crimes ecológicos ou económicos". Admite mesmo detectar um certo "prazer" por parte das autoridades no seu tratamento de DSK nos últimos dias e diz que "esta é uma história que diz muito sobre os EUA". 



E que dizer das declarações de uma jornalista francesa, que acusa agora DSK de ter tentado violá-la há vários anos? Há um fenómeno chamado "violação retrospectiva", responde Neuburger, "em que a mulher, que inicialmente deu o seu consentimento, afirma mais tarde que foi violada". E questiona: "Por que é que não apresentou queixa antes?"



Voltando ao "perfil" psicológico, Neuburger afirma que os actos alegadamente cometidos por DSK não indiciam qualquer quadro psiquiátrico particular e que, a terem acontecido como relatados pela acusação, "apenas permitem dizer que o agressor é uma pessoa violenta e impulsiva, mas responsável pelos seus actos". Também não faz sentido falar em perturbação da personalidade, acrescenta. O que poderá estar em jogo "é uma neurose do fracasso", que todos podemos ter. Mas mesmo que fosse esse o caso, confessa que não percebe: "É absolutamente alucinante que uma pessoa à beira do maior sucesso da sua vida faça uma coisa destas."

in "Público"



Concordo na generalidade com o artigo, por isso transcrevi-o na integra. 

Comentários

  1. Estes tarados metem-me nojo.
    Vamos ver se DSK é realmente um deles.
    Se for, é um sabujo nojento.
    Conspirações?
    Não sei.
    A Justiça americana é que terá que averiguar essa possibilidade.

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  2. Absolutamente de acordo!

    Agora nos que temos formação na área devemos sempre atender a presunção de inocência!

    A justiça americana, como nós sabem, não é tão perfeita quanto isso.

    Abraço

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  3. DSK já foi considerado culpado.

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  4. Dizem as notícias que será libertado...hoje!?!?!

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