Contemplo o que não Vejo
Contemplo o que não vejo.
É tarde, é quase escuro.
E quanto em mim desejo
Está parado ante o muro.
Por cima o céu é grande;
Sinto árvores além;
Embora o vento abrande,
Há folhas em vaivém.
Tudo é do outro lado,
No que há e no que penso.
Nem há ramo agitado
Que o céu não seja imenso.
Confunde-se o que existe
Com o que durmo e sou.
Não sinto, não sou triste.
Mas triste é o que estou.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Um trabalho à Pessoa!
ResponderEliminarMuito bom.
E que diz muito do meu estado de espírito actual!
ResponderEliminarAbraço
Amo Fernando Pessoa!
ResponderEliminarEsse poema eu ainda não conhecia. Obrigada por partilhar conosco ;-)
Tudo de bom pra você e os seus.
Beijinhos da sua vizinha de frente,
Cid@
Poema fabuloso! A tristeza, por vezes, é um estar e não o ser. Estar triste não significa ser triste. Abç!
ResponderEliminarCaros Cid@ e Sérgio,
ResponderEliminarPessoa é talvez o expoente máximo da Língua Portuguesa (a nossa língua), e por sermos muitos (para tal muito contribui o Brasil e os outros PALOP) muito nos invejam.
Abraço do tamanho da nossa querida Língua aos dois!