As Agências de rating, a UE e ...a Alemanha!
Paul De Grauwe, professor da Universidade de Lovaina e um dos maiores especialistas da união monetária europeia, fustiga as agências de notação e a intransigência da Alemanha.
O corte do rating da dívida portuguesa é justificado?
Não, mas é o comportamento típico das agências de notação, que reagem aos mercados. Como as taxas de juro aumentaram nos últimos dias, as agências cortam os ratings, o que só desestabiliza os mercados. Fazem sempre isto, é uma vergonha. O poder desta gente deveria ser restringido.
Pensa então que não se pode comparar a situação portuguesa com a grega?
Claro que não. Portugal está em muito melhor situação que a Grécia. O défice orçamental é elevado, mas no Reino Unido ou Irlanda ainda é maior. A dívida também é muito mais baixa do que na Grécia, é comparável à da Bélgica. Só que as agências não reparam na Bélgica, só reparam em Portugal.
E porquê?
Porque há um preconceito no mercado, do tipo: “Ah, são do sul da Europa? Então deve haver alguma coisa errada, não são de confiar.”
Isso é racismo?
Não sei como lhe chamar, mas é um comportamento típico. Quando se é do Sul, é-se menos credível. As agências são muito anglo-saxónicas.
Se a Alemanha tivesse sido mais positiva desde o início dos problemas da Grécia, teria sido possível evitar esta crise?
Claro, mas a Alemanha não quer fazer nada. Angela Merkel não quer dar um euro antes da eleição de 9 de Maio, e nem sequer é claro o que é que fará depois. Os alemães estão completamente contra dar dinheiro [à Grécia]. Não se opuseram a dar dinheiro aos bancos alemães, que fizerem coisas bem piores que os gregos.
Qual é a saída da crise?
Há umas semanas, ou meses, pensei que uma acção determinada dos países da zona euro poderia ter evitado isto, mas não aconteceu, o que torna tudo muito mais difícil. A dada altura, Portugal vai ser forçado pelos mercados a anunciar um novo programa de cortes orçamentais. Não há grande alternativa, porque a zona euro decidiu não lutar. Mas é uma história muito triste.
O homem falaria tudo certo se não errasse num aspecto fundamental ao dizer "porque a zona euro decidiu não lutar". As zonas não lutam, só os povos. Em vez de zona, deveria ter dito "comissários". Os "comissários" resolveram não lutar. Assim é que está certo...
ResponderEliminarConcordo com tudo que o "homem" disse. De qualquer forma não devíamos ter-nos posto a jeito. Não houve bom senso na governação deste e de governos anteriores.
ResponderEliminarUm abraço,
O "homem" tem toda a razão.
ResponderEliminarAgências de notação é um eufemismo muito bonito para classificar especuladores.
ResponderEliminarJá o referi antes.
E não sou especialista (sou EPON - Especialista de Porra Nenhuma).