Sophia, simplesmente, Sophia...




Para quem estiver interessado, hoje pelas 18h30, na Biblioteca Nacional, é inaugurada uma exposição com material do espólio, intitulada “Sophia de Mello Breyner Andresen-Uma Vida de Poeta”, cuja apresentação estará a cargo das comissárias, Paula Morão e Teresa Amado. 

Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar. Tinha uma porta,  sete janelas e uma varanda de madeira pintada de verde. Em roda da casa havia um jardim de areia onde cresciam lírios brancos e uma planta que dava flores brancas, amarelas e roxas. 
Nessa casa morava um rapazito que passava os dias a brincar na praia. 
Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos.  
Mas durante a maré alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as  ondas que vinham crescendo do longe até quebrarem na areia com barulho de palmas. Mas na maré vazia as rochas apareciam cobertas de limo, de búzios, de anémonas, de lapas, de algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos, grutas, arcos, cascatas. Havia pedras de  todas as cores e feitios, pequeninas e macias, polidas pelas ondas. E a água do mar era transparente e fria. Às vezes passava um peixe, mas tão rápido que mal se via. Dizia-se «Vai ali um peixe» e já não se via nada. Mas as vinagreiras passavam devagar, majestosamente, abrindo e fechando o seu manto roxo. E  os caranguejos corriam por todos os lados com uma cara furiosa e um ar muito apressado. 
in A Menina do Mar

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