Deus me acuda...

Mais uma excelente crónica de Inês Teotónio Pereira...

Se há tema difícil para as crianças e os pais esse tema é Deus, terreno fértil para conversas surrealistas. Qualquer exame oral do curso mais difícil do mundo é canja comparado com as questões infantis que envolvem a problemática divina. A primeira vez que as crianças ouvem falar de Deus sentem uma curiosidade arrebatadora. Deus? Quem é? Onde está? E logo a seguir vêm as perguntas, os delírios, as divagações e as dúvidas. Primeiro vem a questão da existência: "Deus existe mesmo? Mas alguém já o viu ou é assim como os desenhos animados? Existiu como? Onde é que está?" É preciso muita fé, muita doutrinação e muito sangue frio para passar por esta primeira prova. Ou não, depende. Quem não acredita em Deus tem aqui uma posição privilegiada, facilitada: é não a tudo e pronto, resolve logo o assunto. E quem acredita? Ora, quem acredita está tramado. Um pai ou uma mãe que acredite em Deus na sua omnipresença, omnisciência e omnipotência está feito e pode contar com um calvário. O facto de Deus estar em todo o lado - no coração, no meio de nós, na missa, na cruz, no presépio, no Céu, etc. - dá azo a uma confusão dos diabos. E o mesmo se passa com Jesus: a questão de Jesus ser Filho e também Pai, de ter morrido, mas depois ter ressuscitado, de aparecer e desaparecer de quando em quando e de ainda por cima ser Deus, faz com que qualquer criança, no mínimo, pense duas vezes sobre o assunto. E o que é que ela faz? Vai ter com os paizinhos cheia de perguntas a que nem Santo Agostinho conseguiu responder. Mas nós, pais, temos as costas largas.

Jornal I, 29.01.2011

Na minha casa é um tema que, por enquanto, é tratado com algum à vontade e muita descontracção para não criar "macacos na cabeça" das crianças!

Cada coisa a seu tempo. 

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