Futebol...

Existem dois tipos de rapazes: os que jogam futebol e os que não jogam futebol. O futebol, no mundo das crianças é uma maneira de estar na vida, não é uma brincadeira. É um assunto sério, fundamental, determinante para qualquer rapaz. A partir do futebol, da bola, os rapazes escolhem os amigos, os líderes, conquistam território, vinculam a sua personalidade e definem a sua personagem social. Tudo começa com a bola. Também no mundo das crianças, tal como no dos homens, a bola é quase tudo - só que no mundo delas há menos programas de televisão dedicados ao tema.

Em qualquer escola o recreio divide-se entre os meninos que jogam à bola e os outros. Os outros estão mais ou menos tramados. Além de ficarem com menos espaço para brincar, têm de puxar pela cabeça, conquistar amigos, inventar brincadeiras e aprender a divertir-se sem bola. Enfim, uma trabalheira: acabam por ter mais trabalho no recreio que na sala de aula.

Um rapaz que não goste de futebol tem de ser fora de série. Se não é um génio de óculos, um perito em artes marciais ou se não tem um pai que é agente secreto ou actor de telenovelas, está tramado e tem mesmo de passar a gostar de futebol. Isto se quer sobreviver em qualquer recreio de qualquer EB portuguesa. É um caminho espinhoso, de que nem todos estão à altura: para isso é preciso ter coragem, muita coragem.

Chegar a um recreio e afirmar peremptoriamente: "não, não quero jogar: não gosto de futebol" é o mesmo que chegar a uma taberna e pedir um néctar manga/laranja light: é preciso ser muito macho.

por Inês Teotónio Pereira

Eu era do tipo A e o meu irmão do tipo B (não entende o maravilhoso mundo da bola)!

Com o passar dos anos cada vez gosto menos do que vejo!

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